O novo Ashram minimalista

sexta-feira, 24 de julho de 2009

La phobie des gros mots

De vez em quando aparecem uns encómios à prosa vernácula que, com grande cópia de impropérios e plebeísmos, arribou à blogosfera depois de ter tomado assento na percepção comum do que seja a expressão «realista». Cada um sabe em que águas navega e que companhias cultiva, mas cá o pobre do Jansenista vive no meio, decerto rarefeito, em que ainda há pudor no emprego de alguns vocábulos. Mais, o pobre do Jansenista, que andou na tropa e fez tirocínio de gíria chula, não se emociona particularmente com essas grosserias que parecem arremessar a podridão da alma ao reduto onde, quiçá, habita ainda alguma poesia, alguma inocência e alguma suavidade nos modos. Pobre do Jansenista – mas mais pobres os que vomitam o seu desencanto e exorcizam o seu desespero com imundícies incrustadas em palavras.
Em suma: por mim basta-me a singeleza das palavras que espelham a pobreza do que vivemos; dispenso aditivos mais empobrecedores ainda – até porque a sua motivação última de certo modo me escapa.

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