Quando olhava para o fígado das aves, o haruspex era capaz de ver as coisas mais extraordinárias sobre o mundo, os homens, a Providência e o futuro.
Eu devo ser muito estúpido, ou não fui bafejado com a subtileza da hepatomância: porque, por mais que me digam que a votação popular foi um cartão vermelho ao Governo eu não consigo ver cartão nenhum, nem em sentido figurado. Isso acontece há muitos anos, e vejo que, como nos extíscipes de antanho, se formou uma corporação de leitores de entranhas, hoje mais pomposa e decorosamente designados por «analistas políticos» (o «analista» terá alguma conotação proctológica?).
Cartão vermelho? Nada. Intenção de voto? Nada. O que os portugueses quiseram? Não alcanço. Voto de protesto? Ininteligível para mim.
A democracia e o poder popular têm essa coisa maravilhosa e desafiante de serem mais insondáveis do que uma víscera. Resta-me confiar no que me dizem dessa víscera.
Eu devo ser muito estúpido, ou não fui bafejado com a subtileza da hepatomância: porque, por mais que me digam que a votação popular foi um cartão vermelho ao Governo eu não consigo ver cartão nenhum, nem em sentido figurado. Isso acontece há muitos anos, e vejo que, como nos extíscipes de antanho, se formou uma corporação de leitores de entranhas, hoje mais pomposa e decorosamente designados por «analistas políticos» (o «analista» terá alguma conotação proctológica?).
Cartão vermelho? Nada. Intenção de voto? Nada. O que os portugueses quiseram? Não alcanço. Voto de protesto? Ininteligível para mim.
A democracia e o poder popular têm essa coisa maravilhosa e desafiante de serem mais insondáveis do que uma víscera. Resta-me confiar no que me dizem dessa víscera.
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