O novo Ashram minimalista

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O nosso ambientalismo condena à morte 1 a 3 milhões de pessoas por ano

É extraordinariamente simples atacarmos as vacas sagradas dos outros; e extremamente útil fazê-lo, se o nosso objectivo for o da preservação das nossas (fica a ser uma manobra de diversão, e apazigua-nos a nossa boa consciência iconoclasta).
No outro dia um círculo de illuminati debatia os 100 milhões de mulheres desaparecidas de Amartya Sen, ou seja, a abominável chacina infanticida que continua a perpetrar-se, na Índia, contra os bébés do sexo feminino.
Um horror, um dos crimes mais hediondos dos séculos XIX-XX-XXI, até porque banalizado e ocultado – concordei com os meus interlocutores.
Mas, desmancha-prazeres que sou, lembrei que talvez não estejamos melhor, já que os nossos pruridos ambientalistas são os causadores directos de 1 a 3 milhões de mortos por ano: com efeito, a campanha contra o DDT, um cavalo de batalha ideológico desde Rachel Carson, impediu num momento histórico preciso a erradicação da malária (ao menos, para sermos justos, onde essa erradicação fosse possível antes de os próprios «vectores» se tornarem resistentes ao DDT, o que era, nos anos 50 e 60, a maior parte do planeta; hoje regressou-se ao DDT nas áreas críticas, mas tarde de mais).
Olharam para mim, uns atónitos, os outros profundamente desgostosos com a minha falta de sentido de oportunidade. Mea culpa, não se faz isto às nossas vacas sagradas.

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