O novo Ashram minimalista

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Lições na barraca de tiro

A propósito do «episódio Maizena» e similares, a Consoror Charlotte perguntava-se (AQUI) se os políticos tinham perdido o tino (sic - será o Tino de Rans?). Vai eu subi ao púlpito e perorei para proveito das massas:
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Se a classe quiser chegar à frente para ouvir melhor, hoje a lição é sobre o nacional-bonzismo, uma variante do complexo de prima-dona que faz com que as pessoas mais velhas e acabadas façam como o proverbial gorila que, sentindo-se transgredido na sua territorialidade, lançava dejectos ao respeitável público. Entre gente educada arremessam-se impropérios e embalagens vazias de Maizena, a arma do momento que, como o supositório de Solnado, não mata mas desmoraliza. Quando ouvi o bonzo Pinho arremessar a sua caixinha de Maizena, por momentos, dadas as interferências na telefonia, cuidei que ele mandava o moço Rangel ter uma atitude Mais Zen, fitando mais intensamente os calcanhares na Horta; depois é que se desfez o equívoco e percebi que daquela boca descaída, a rematar o olhar baço de uma chaputa (Brama Brama, muito a propósito) pescada há demasiados dias, tinha saído uma espécie de desafio alimentar, com a destreza com que outrora se atirava uma luva gris-perle para tornar inevitável o escambo de bengaladas. Eu concordo que o moço Rangel, dada a verdura dos seus anos, deva comer muita papa, tal como outrora, naqueles idos em que o diestro Pinho e o seu primo Basílio andavam em tirocínio para caceteiros, a parelha rilhava broa e tragava sopas de cavalo cansado, à falta de papas e chá.
Sumário da lição, e noções a reter: 1) Os políticos não estão a perder o tino porque não pode perder-se o que não se tem, a menos que no-lo queiram usurpar primeiro. 2) Ao mencionar a marca da papa, o geronte castafioriano Pinho talvez tenha pretendido promover a indústria nacional, como é seu mister: bem-haja, o país agradece. 3) Na próxima transmigração, o Basilisco mor vai perder cornos, escamas e cauda e reincarnar num compère do Parque Mayer, prenhe de empáfia, cada frase rematada com «arrogância» e «ignorância».
TPC: escrever 100 vezes no caderno: "Antes papa que P(eix)inho da Horta"

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