O novo Ashram minimalista

sábado, 4 de abril de 2009

Estar morto é um horror

Uma inquietante tendência para o frenesi necrofágico invadiu recentemente o nosso meio musical. Primeiro vieram as edições póstumas, depois os pastiches e os «covers» de todos os defuntos de nomeada, começando no Variações, passando pelo Paião e culminando na Amália.
Como não se consegue alinhavar uma melodia, nada se sabe de harmonia e nenhuma ideia original vem perturbar a placidez narcísica da «nova geração», resta aos marabus que pontificam nesta «geração» pegarem nos standards e «darem a volta ao texto» (agora são os clássicos de Amália «desestruturados» em «fado-pop», a lembrar o lado mais chocarreiro e patético de Hermínia Silva: LER)
Pobres mortos, que não podem defender-se e que ninguém defende – com estas «homenagens» a morte tornou-se mais traiçoeira e horrível (ainda). Pobre cultura na qual as «novas gerações» estão cada vez mais intelectualmente exangues, mais esteticamente indigentes, mais descaradas e mercenárias.

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