As crianças traquinas, quando se sentem muito oprimidas pela educação que recebem, procuram desforrar-se, à primeira oportunidade, na humanidade básica daqueles que os oprimem.
Que gozo, descobrir que o professor de desenho tem um tique incontrolável! Que gargalhadas, quando se refere que o contínuo cheira mal!
Que êxtase, quando se constata que o padre que lecciona Religião e Moral afinal também tem sexo!
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Parece que anda por aí uma série televisiva que pretende fazer algo de semelhante com o Ditador das Finanças.
Por um lado, é compreensível, dada a inverosimilhança da imagem de castidade beata que os turibulários cultivaram por tempo de mais.
Por outro lado, é salutar, porque humaniza a pessoa, fá-la ingressar no círculo plebeu do escárnio mais rasteirinho (a forma mais directa e inequívoca de abraçarmos os que partilham a nossa condição mortal e decaída).
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Subsistem apenas dois problemas (além de outros que eu detectaria se tivesse tido a paciência para assistir à dita série televisiva, da qual não vi sequer um fotograma):
1) a verdade histórica, o grande empecilho;
2) a menoridade mental que se reflecte no gáudio com que se exerce a iconoclastia por estes meios - porque deixa subentendida a surpresa com a humanidade, e portanto o cego endeusamento, ou o medo infantil, que a precederam.
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Por mim, continuarei a admirá-lo e a criticá-lo em partes iguais, na grandeza de alguns princípios a que se manteve fiel e na pequenez com que traiu outros. E a encarar com simpatia a sua humanidade, aquela que entre adultos se aceita sem se corar e sem se cair no alarido caricatural que pretende desforrar-se de anos de servidão mental atirando velhos ídolos para o chafurdo do instinto básico.
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(na foto, as loas do III Reich a Salazar, na vitrina da exposição do Chiado em 1943 – clicar para ampliar)
Que gozo, descobrir que o professor de desenho tem um tique incontrolável! Que gargalhadas, quando se refere que o contínuo cheira mal!
Que êxtase, quando se constata que o padre que lecciona Religião e Moral afinal também tem sexo!
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Parece que anda por aí uma série televisiva que pretende fazer algo de semelhante com o Ditador das Finanças.
Por um lado, é compreensível, dada a inverosimilhança da imagem de castidade beata que os turibulários cultivaram por tempo de mais.
Por outro lado, é salutar, porque humaniza a pessoa, fá-la ingressar no círculo plebeu do escárnio mais rasteirinho (a forma mais directa e inequívoca de abraçarmos os que partilham a nossa condição mortal e decaída).
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Subsistem apenas dois problemas (além de outros que eu detectaria se tivesse tido a paciência para assistir à dita série televisiva, da qual não vi sequer um fotograma):
1) a verdade histórica, o grande empecilho;
2) a menoridade mental que se reflecte no gáudio com que se exerce a iconoclastia por estes meios - porque deixa subentendida a surpresa com a humanidade, e portanto o cego endeusamento, ou o medo infantil, que a precederam.
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Por mim, continuarei a admirá-lo e a criticá-lo em partes iguais, na grandeza de alguns princípios a que se manteve fiel e na pequenez com que traiu outros. E a encarar com simpatia a sua humanidade, aquela que entre adultos se aceita sem se corar e sem se cair no alarido caricatural que pretende desforrar-se de anos de servidão mental atirando velhos ídolos para o chafurdo do instinto básico.
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(na foto, as loas do III Reich a Salazar, na vitrina da exposição do Chiado em 1943 – clicar para ampliar)
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