O novo Ashram minimalista

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O casamento como pretexto de alvará

O casamento gay é um falso problema, porque os gays que dizem querer casar (com parceiros do mesmo sexo) não querem verdadeiramente casar, querem é ver oficialmente reconhecido o seu estatuto através de um daqueles poucos actos em que a lei discrimina em função do sexo dos contraentes - e onde portanto o reconhecimento do «direito» pode imediatamente ser sujeito à interpretação extensiva de uma licença para tudo o resto (seja lá o «resto» o que for).
Se fosse imposto que só pudessem saltar à corda pessoas de sexo diferente, os gays quereriam saltar à corda. Não propriamente saltar à corda – mas sim saltar à corda OFICIALMENTE, com legitimação, banhos e proclamas.
Lembro-me de uma história que era contada, com as letras todas, pelo saudoso Prof. Varela (depois reduzida a escrito num comentário na RLJ): num processo de divórcio o marido insistia muito na prova da culpa da mulher, especificamente na sua infidelidade, para se esquivar a futuros deveres de alimentos. Insistia, insistia, mesmo depois de se perceber que tudo o resto seria pacífico e que portanto só aquele motivo mesquinho sustentava a insistência. Um funcionário, impaciente, explodiu num "passem-lhe lá alvará de cabrão!".
É tudo uma questão de alforria, de cidadania, de papel passado, de alvará – o casamento, em ambos os casos, é um mero pretexto.

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