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O Cardeal Patriarca de Lisboa não será a pessoa mais autorizada para falar do casamento, nem a mais isenta para pronunciar-se sobre confissões que não a sua. As suas afirmações revelam um preconceito anti-muçulmano que se aceita na conversa de um taxista, mas não em alguém que é suposto usar de um pouco mais de critério e discernimento quando fala.
É verdade que muitas sociedades onde a fé muçulmana impera estão presas ainda de uma concepção inteiramente retrógrada acerca do estatuto da mulher, e sobre o papel e missão da mulher no seio do casamento – tomando-a por uma espécie de serviçal parideira. Mas o Cardeal Patriarca sabe muito bem que muitos votos formulados aquando do sacramento matrimonial católico, especialmente aqueles que vão apoiar-se nas palavras de São Paulo, apontam para a submissão incondicionada da mulher casada. E sabe muito bem, ou suspeita, que as católicas que proferem ou ouvem ou toleram essas palavras nesse momento só o fazem porque não as levam a sério, as descontam e as dissolvem em pura impiedade secularizada – esperando, se não exigindo, que se pratique a estrita igualdade que a lei civil prescreve, e «mandando às urtigas» aquelas tenebrosas cominações.
Uma mulher casa-se, não com um muçulmano, mas com um homem (ao menos enquanto a lei civil lho permitir, e não lhe impuser o casamento lésbico). Nenhuma religião, por mais imperativa que seja, exonera o marido do seu dever moral de respeitar, como homem, a mulher que se propõe partilhar consigo o seu destino. Deixemos de fora as religiões – reconhecendo uma vez mais que, no corpo da doutrina, a religião católica não é, neste ponto, melhor ou menos «sarilhenta» do que a muçulmana –, e reconheçamos a grande conquista civilizacional que foi termos impedido as pessoas de procurarem justificar-se e exonerar-se, nos seus actos mais censuráveis e odiosos, com as suas crenças.
Receio bem que, por detrás da censura anti-ecuménica do Cardeal Patriarca, por detrás do gritante preconceito que pretende estigmatizar todos os muçulmanos, se abrigue um muito sensato, mas numa figura eclesiástica muito insólito e inapropriado, apelo à prevalência dessa moral inteiramente secularizada.
O Cardeal Patriarca de Lisboa não será a pessoa mais autorizada para falar do casamento, nem a mais isenta para pronunciar-se sobre confissões que não a sua. As suas afirmações revelam um preconceito anti-muçulmano que se aceita na conversa de um taxista, mas não em alguém que é suposto usar de um pouco mais de critério e discernimento quando fala.
É verdade que muitas sociedades onde a fé muçulmana impera estão presas ainda de uma concepção inteiramente retrógrada acerca do estatuto da mulher, e sobre o papel e missão da mulher no seio do casamento – tomando-a por uma espécie de serviçal parideira. Mas o Cardeal Patriarca sabe muito bem que muitos votos formulados aquando do sacramento matrimonial católico, especialmente aqueles que vão apoiar-se nas palavras de São Paulo, apontam para a submissão incondicionada da mulher casada. E sabe muito bem, ou suspeita, que as católicas que proferem ou ouvem ou toleram essas palavras nesse momento só o fazem porque não as levam a sério, as descontam e as dissolvem em pura impiedade secularizada – esperando, se não exigindo, que se pratique a estrita igualdade que a lei civil prescreve, e «mandando às urtigas» aquelas tenebrosas cominações.
Uma mulher casa-se, não com um muçulmano, mas com um homem (ao menos enquanto a lei civil lho permitir, e não lhe impuser o casamento lésbico). Nenhuma religião, por mais imperativa que seja, exonera o marido do seu dever moral de respeitar, como homem, a mulher que se propõe partilhar consigo o seu destino. Deixemos de fora as religiões – reconhecendo uma vez mais que, no corpo da doutrina, a religião católica não é, neste ponto, melhor ou menos «sarilhenta» do que a muçulmana –, e reconheçamos a grande conquista civilizacional que foi termos impedido as pessoas de procurarem justificar-se e exonerar-se, nos seus actos mais censuráveis e odiosos, com as suas crenças.
Receio bem que, por detrás da censura anti-ecuménica do Cardeal Patriarca, por detrás do gritante preconceito que pretende estigmatizar todos os muçulmanos, se abrigue um muito sensato, mas numa figura eclesiástica muito insólito e inapropriado, apelo à prevalência dessa moral inteiramente secularizada.
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