O novo Ashram minimalista

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Entre guias de montanha

O telefonema chega, inesperado, a meio da tarde. Um velho guia de montanha deseja saudar-me. Lembra-me que foi precisamente há 50 anos que ele próprio alcançou o topo, e que, tendo recebido o abraço de um outro guia lendário, por este lhe foi dito que podia passar por muitas outras coisas na vida mas nunca teria mais elevada (e suada) distinção.
Chegou a vez de ele mesmo mo dizer, e uma retrospectiva agridoce atravessou-me o espírito ouvindo-lhe a voz. Acrescentou, “sabe, há alguma coisa de pírrico nisto tudo, porque chegados ao topo falta-nos o incentivo maior, que é o desafio da subida”.
O lado pírrico, infelizmente, começou para mim há muito mais tempo, e arrastei-me até ao topo por inércia, por teimosia, por sentir que não tinha muito mais para onde ir. Há um certo simbolismo no momento: a passagem de testemunho faz-se por telefonema, desta feita não há abraços.

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