Os que viram a Lista de Schindler lembram-se da menina do sobretudo vermelho, o único - e impressionante - elemento de cor antes das imagens finais.
Tenho nas minhas memórias algo que, de certo modo, é o preciso oposto, uma figura que atravessa com um colorido alegre essas distâncias obscurecidas do meu passado.
Reencontrei-o ontem num livro no qual se dizia que, sendo filho (e homónimo) do pioneiro do surf em Portugal, foi também ele um surfista emérito, um inovador, um homem da vanguarda técnica disposto a assumir todos os riscos das grandes ondas.
Conheci-o antes disso, mas, decerto já por influência do pai - percebo-o agora -, ele era a pessoa mais invulgar que andava no meu meio: tinha um penteado desafiador (no livro aparece um penteado mais radical ainda), vestia-se com roupa que não havia cá, parecia não ligar muito aos interesses comuns dos da sua idade e sentíamos que venerava uns deuses estranhos, nómadas, de nome evocativo.
No livro diz-se que já era conhecido na altura como o «Kid» porque acompanhava o pai em devaneios e desvarios do pioneirismo surfista.
Mas o que mais lembro desse contacto fugaz é que era profundamente carismático, parecia que transportava com ele o Sol, o sal e o vento, o sorriso permanente de um hedonista congénito, o passo leve de um aventureiro - uns laivos de flower power e de beautiful people que eram absolutamente exóticos por cá, uns laivos de extra-terreste.
Nunca mais soube nada do Pedro Lima, mas nunca o esqueci: reencontro-o agora no livro reencarnado como o lendário surfista «Pipas», um campeão dos anos 70 que mantém alguma actividade no desporto. Imagino-o ainda com o mesmo sorriso irónico e com a mesma indolência vagamente arrogante rompendo sob a melena oxigenada com «wax», e, na neblina cada vez mais fria das minhas memórias, vejo-o transportando sempre consigo um feixe compacto, carismático, invariavelmente tórrido, de Sol de Verão.
Tenho nas minhas memórias algo que, de certo modo, é o preciso oposto, uma figura que atravessa com um colorido alegre essas distâncias obscurecidas do meu passado.
Reencontrei-o ontem num livro no qual se dizia que, sendo filho (e homónimo) do pioneiro do surf em Portugal, foi também ele um surfista emérito, um inovador, um homem da vanguarda técnica disposto a assumir todos os riscos das grandes ondas.
Conheci-o antes disso, mas, decerto já por influência do pai - percebo-o agora -, ele era a pessoa mais invulgar que andava no meu meio: tinha um penteado desafiador (no livro aparece um penteado mais radical ainda), vestia-se com roupa que não havia cá, parecia não ligar muito aos interesses comuns dos da sua idade e sentíamos que venerava uns deuses estranhos, nómadas, de nome evocativo.
No livro diz-se que já era conhecido na altura como o «Kid» porque acompanhava o pai em devaneios e desvarios do pioneirismo surfista.
Mas o que mais lembro desse contacto fugaz é que era profundamente carismático, parecia que transportava com ele o Sol, o sal e o vento, o sorriso permanente de um hedonista congénito, o passo leve de um aventureiro - uns laivos de flower power e de beautiful people que eram absolutamente exóticos por cá, uns laivos de extra-terreste.
Nunca mais soube nada do Pedro Lima, mas nunca o esqueci: reencontro-o agora no livro reencarnado como o lendário surfista «Pipas», um campeão dos anos 70 que mantém alguma actividade no desporto. Imagino-o ainda com o mesmo sorriso irónico e com a mesma indolência vagamente arrogante rompendo sob a melena oxigenada com «wax», e, na neblina cada vez mais fria das minhas memórias, vejo-o transportando sempre consigo um feixe compacto, carismático, invariavelmente tórrido, de Sol de Verão.
1 comentário:
Nos anos 80 - já tade, diga-se -, entusiasmei-me pelo body board. Infelizmente, nunca consegui controlar bem a prancha e o que ganhava era uma ininterrupta colecção de escoriações em todo o lado. Desisti. Há que ter talento!
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