O Senhor Bispo de Leiria saiu à ágora para, muito oportunamente, zurzir na plutocracia. Podia ter dito mais, empunhando o pendão franciscano, mas o que disse bastou: tem toda a razão, não lhe doam as mãos, é hora de pôr na ordem os adoradores do bezerro d'oiro.Sucede, contudo, que, para que não fiquem algumas sombras a pairar sobre as palavras de Sua Reverendíssima, para que não se venha dizer que ele é como o proverbial Frei Tomás, o Senhor Bispo de Leiria deveria ser mais sensível a detectar preocupantes sinais de ganância dentro do seu próprio rebanho.
Há menos de seis meses levei um casal de brasileiros ao Santuário de Fátima. Não estivemos lá sequer duas horas, e nesse breve intervalo eles foram «depenados» em mais de 500 euros, no meio dos meus insistentes protestos. Eles vinham felizes com a colecção de lembrancinhas com que tinham sido ferozmente assediados; eu vinha, auto-estrada a fora, a lembrar-me de que Jesus entrara de varapau a enxotar os vendilhões do Templo.
Admito humildemente estar errado: possivelmente nestes últimos seis meses a situação foi resolvida, e o Senhor Bispo de Leiria investe agora com uma renovada autoridade moral contra a idolatria da ganância.
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