A uma crónica de Charlotte sobre a «onda» do crime violento, ocorreu-me acrescentar:
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No meu espírito, há três formas de organização básica de uma comunidade: a fraterna (assente no amor), a lockeana/coaseana (assente na razão e na conveniência) e a hobbesiana (assente no medo).
Os utopistas (ditos «homens de boa vontade») acreditam que a primeira é possível. Os reformistas insistem num esforço pedagógico para que surja a segunda. Os realistas (e os desencantados e os cínicos) julgam possível somente a terceira.
Acho que em qualquer comunidade organizada coexistem os três elementos, o primeiro na forma como idealizamos os nossos pontos focais, os outros dois no modo como começamos a confiar, ou deixamos de confiar, na boa vontade dos outros.
Sem cairmos na neurose que se alarma com a notícia do último minuto, há que admitir que a vertente lockeana/coaseana, que todos temos procurado construir através de um esforço civilizacional perenemente exposto à contingência e à intolerância – talvez o legado civilizacional mais perene dos últimos séculos, mas também o mais frágil e incompreendido –, cedeu uns pontos à vertente hobbesiana.
É sempre com uma pontinha de angústia que assistimos a estas oscilações, de receio de que um dia uma delas resvale para lá do «tipping point» que desencadeia a avalanche hobbesiana e torna inevitável, ou a anomia da guerra civil, ou a ferocidade do Leviatão.
Era bom que a nossa coexistência pactuada, o plano ascendente lockeano/coaseano, não sofresse estes solavancos, e deixasse um espaço irénico para os sonhos fraternos do homens de boa vontade. Em pleno sobressalto negativo isto soa mais remoto ainda.
Os utopistas (ditos «homens de boa vontade») acreditam que a primeira é possível. Os reformistas insistem num esforço pedagógico para que surja a segunda. Os realistas (e os desencantados e os cínicos) julgam possível somente a terceira.
Acho que em qualquer comunidade organizada coexistem os três elementos, o primeiro na forma como idealizamos os nossos pontos focais, os outros dois no modo como começamos a confiar, ou deixamos de confiar, na boa vontade dos outros.
Sem cairmos na neurose que se alarma com a notícia do último minuto, há que admitir que a vertente lockeana/coaseana, que todos temos procurado construir através de um esforço civilizacional perenemente exposto à contingência e à intolerância – talvez o legado civilizacional mais perene dos últimos séculos, mas também o mais frágil e incompreendido –, cedeu uns pontos à vertente hobbesiana.
É sempre com uma pontinha de angústia que assistimos a estas oscilações, de receio de que um dia uma delas resvale para lá do «tipping point» que desencadeia a avalanche hobbesiana e torna inevitável, ou a anomia da guerra civil, ou a ferocidade do Leviatão.
Era bom que a nossa coexistência pactuada, o plano ascendente lockeano/coaseano, não sofresse estes solavancos, e deixasse um espaço irénico para os sonhos fraternos do homens de boa vontade. Em pleno sobressalto negativo isto soa mais remoto ainda.
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