Lisboa está in? Afirma Pereira (de Moura)

Sobre turismo em Lisboa (AQUI), resolvi comentar:

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Não sou de subscrever uma singular teoria do Prof. Pereira de Moura, um guru do Quelhas que nos idos da abrilada, dando livre curso aos seus talentos para a definição lapidar, dizia que o turismo é uma forma de prostituição. Mas, lendo o artigo do NY Times (AQUI), apetecia-me dizer que o que eles sugerem ao turista é um conhecimento de Lisboa que faria jus à intuição do preclaro mentor do PREC: de Lisboa fornece-se uma versão inteiramente despersonalizada, fungível, rapidinha e mercenária.
Para a pernoita sugere-se hotéis que fornecem a impressão de que não se está em Lisboa, culminando na York House, um caso rematado de extra-territorialidade. Para comer sugere-se uma «call-girl» de luxo e cosmopolita, ou, por outras palavras, casas de pasto sem um mínimo de cor local: Terreiro do Paço, Cop'3 e Eleven? Qualquer MacDonald é mais pitoresco (ao menos na frequência). Galerias de arte? As que sejam menos portuguesas, começando pelas inenarráveis «instalações» da colecção Berardo. Em termos de moda, sugere-se uma visita à Fátima Lopes – para que o turista fique com a impressão exacta do que é a mulher portuguesa e da forma como ela veste. E para animação nocturna? Sugere-se a aberração do Maxime (um pólo de atracção de toda a «boue» alfacinha e também dos últimos discípulos de Pereira de Moura), seguida de uma coisa qualquer no Braço de Prata, um daqueles barracões que devem dar ao turista a impressão de que ainda não saiu das docklands londrinas.
Que fazer com guias turísticos desses? Talvez sugerir ao turista que não saia do tapete de bagagens do aeroporto da Portela: lá vislumbrará, nas duas ou três horas de espera da praxe, algo da verdadeira alma lisboeta, e é poupado a sujeitar-se à romaria das imitações saloias do cosmopolitismo com que se vai adornando e maquilhando a «Lisboa alternadeira».