Caro Jansenista, Sem querer contrariar a tese dos generais ingleses «burros», julgo que esse julgamento é um pouco severo. De facto em 1914 os meios disponíveis para empregar numa guerra atingiam uma dimensão nunca antes vista: o embrião da guerra total. Já uns anos antes, na Guerra de Secessão norte-americana, os novos meios militares revelavam-se difíceis de enquadrar nos conceitos tácticos da altura, herdados ainda da época de Napoleão. Por esse motivo, morria gente de forma assustadora. Por esse mesmo motivo demorou algum tempo até que fosse encontrado um general que soubesse subordinar a táctica militar à estratégia (Grant): e mesmo esse foi acusado de carniceiro. Ora, 50 anos depois, ainda não havia sido redescoberta a fórmula para explorar as fraquezas adversárias através da manobra das grandes unidades. Com o aumento desmesurado dos efectivos e com a massiva industrialização das nações envolvidas, não seria nunca fácil adaptar a conduta da guerra às novas condições. Mas o curioso nisto tudo é que, anos mais tarde na II Guerra Mundial, quando se pensava ter abandonado a guerra da trincheira e retomado a dinâmica dos grandes envolvimentos, tudo isso se tornou irrelevante. O aumento ainda mais significativo da mobilização dos recursos a isso levou. Em suma: a guerra deixou, nesses momentos de 1914, de ser um assunto destinado em exclusivo aos militares, ultrapassados pela evolução das sociedades humanas.
Há algumas atenuantes, certamente, mas se pensarmos na obstinação que levou às carnificinas em Ypres (três vezes!), no Somme - ou, do lado francês e alemão, em Verdun ou no Chemin des Dames -, temos que convir que faltava aos generais um mínimo de agilidade táctica, já para não falarmos de sensibilidade humana.
"Sensibilidade humana" assim que se declara e empenha numa guerra - qualquer guerra - é expressão inútil. Só a loucura, o medo e o desespero envolvem tal decisão. E, é sabido, nenhum destes pressupostos é bom conselheiro.
3 comentários:
Caro Jansenista,
Sem querer contrariar a tese dos generais ingleses «burros», julgo que esse julgamento é um pouco severo. De facto em 1914 os meios disponíveis para empregar numa guerra atingiam uma dimensão nunca antes vista: o embrião da guerra total. Já uns anos antes, na Guerra de Secessão norte-americana, os novos meios militares revelavam-se difíceis de enquadrar nos conceitos tácticos da altura, herdados ainda da época de Napoleão. Por esse motivo, morria gente de forma assustadora. Por esse mesmo motivo demorou algum tempo até que fosse encontrado um general que soubesse subordinar a táctica militar à estratégia (Grant): e mesmo esse foi acusado de carniceiro. Ora, 50 anos depois, ainda não havia sido redescoberta a fórmula para explorar as fraquezas adversárias através da manobra das grandes unidades. Com o aumento desmesurado dos efectivos e com a massiva industrialização das nações envolvidas, não seria nunca fácil adaptar a conduta da guerra às novas condições. Mas o curioso nisto tudo é que, anos mais tarde na II Guerra Mundial, quando se pensava ter abandonado a guerra da trincheira e retomado a dinâmica dos grandes envolvimentos, tudo isso se tornou irrelevante. O aumento ainda mais significativo da mobilização dos recursos a isso levou. Em suma: a guerra deixou, nesses momentos de 1914, de ser um assunto destinado em exclusivo aos militares, ultrapassados pela evolução das sociedades humanas.
Cumprimentos.
Há algumas atenuantes, certamente, mas se pensarmos na obstinação que levou às carnificinas em Ypres (três vezes!), no Somme - ou, do lado francês e alemão, em Verdun ou no Chemin des Dames -, temos que convir que faltava aos generais um mínimo de agilidade táctica, já para não falarmos de sensibilidade humana.
"Sensibilidade humana" assim que se declara e empenha numa guerra - qualquer guerra - é expressão inútil.
Só a loucura, o medo e o desespero envolvem tal decisão. E, é sabido, nenhum destes pressupostos é bom conselheiro.
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