O novo Ashram minimalista

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Le coeur a des raisons...

Não tenho ilusões de que, para eles, estamos uns degraus abaixo dos «petits belges», e que eles, não obstante os «états d'âme» vagamente decadentistas, ainda se julgam irresistíveis em charme e sabedoria, deixando-nos a nós do lado de fora de um «cordon sanitaire» que, segundo eles, a providência ergueu nos Pirinéus.
Mas hoje deram ao mundo uma imagem magnífica, de um país que honra o seu passado de uma forma descontraída, jovial, quase sem esforço. Vestiram-se de gala para entoar os cânticos dos «va-nu-pieds», e o burguês «rive droite» venceu a repulsa do magrebino e veio para a rua ver desfilar a Légion, logo a seguir aos Sapeurs Pompiers. A fanfarra a cavalo da «Garde» aligeirou o trote diante do palanque no qual, entre «cocardes» republicanas, pontificava a mais carismática das rainhas de França.
Desculpo-lhes tudo, ou quase, como é próprio de quem, como eu, continua enamorado por uma certa ideia, muito intelectual, muito estética, muito situada, muito iludida, do que é uma «patrie».

2 comentários:

Unknown disse...

Também me comove essa ideia «muito intelectual» e «muito estética», Jansenista. Como me agrada ver França de volta ao centro da Europa e do mundo (Sarkozy terá tido esse mérito, se não tiver outros).

margarida disse...

A pátria não é uma conceptualidade falha apenas porque não é comum aos milhões que declaram uma nacionalidade.
A pátria é a súmula da História de um povo, de todas as componentes que a caracterizam a um dado momento, e que a tornam especial e amável para uma única alma que seja.
É, também, sonho. Desejo.
Ânsia e entrega.
A pátria é a beleza de uma identidade maior do que cada uma das partes que a constituem.
É um hino mais do que cantado, rezado.
É uma certeza.
E uma emoção.

*****

Aqui se induzem meditações inauditas.
Nunca havia pensado nisto antes.
Diálogos monologados impossíveis de evitar, como vê...

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