Temos um Presidente que é um pândego.Aparece sobressaltado, gaguejante, a falar de uma matéria jurídica cujo alcance manifestamente lhe escapa, mas que ao seu entendimento limitado soa a interferência nos poderes Presidenciais. Receber mais dois ou três caciques das ilhas, era o que faltava – e nem percebe que isso é o menor dos males que decorre do grande aborto jurídico que é a Constituição de 76, a campeã dos remendos e a mãe dessas autonomias equívocas. Fiquemo-nos por esta certeza cavaquiana: os deputados são uns malandros, a quererem apoucar Belém (quero dizer, aquele palacete cor-de-rosa que fica, um nadinha recuado, entre os pastéis e as cavalariças).
Já se é um arranjinho dos génios de Bruxelas (local onde subitamente floresceram uns sábios que fazem pela Europa, ou sobre a Europa, aquilo que o Manneken Pis se celebrizou a fazer – e no mesmo sítio), o nosso pândego local assina por baixo, e sem ler. O arranjinho não aumenta os seus afazeres nem o manda receber mais ilhéus, nada disso: apenas promete que ele em breve se encontrará naquela excelsa posição em que estavam Carlos IV e Fernando VII por ordens de Bonaparte – a fazer meia, tão gloriosa e patentemente inúteis (os três) como um par de ceroulas numa praia de nudistas.
Por fim, muito portuguesinha, a figura: todo farroncas e ameaçador para aqueles que ele julga estarem abaixo dele (só se for em termos funcionais), todo mesureiro e venerador para aqueles que ele julga grandes (são de facto maiores do que o Manneken Pis).
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