Passado à fase seguinte, o intelectual embrionário (ex-paisano) começa a assimilar as virtudes de dois conceitos só aparentemente desconexos: «mobilidade» e «projecto». Cedo percebe que é por causa de «projectos» que quem lhe dá aulas é o «bolseiro», enquanto os bonzos que lhe venderam a mercadoria, e que contratam o «bolseiro», estão em passeio, praticando a «mobilidade» (não raro na companhia de uma «bolseira» jovem e compreensiva).
Era suposto os «bolseiros» investigarem? Boa anedota! É óbvio que ninguém investiga, o que há de novo vai-se sabendo através da Wikipedia – dizem os maldizentes...
Ao terceiro ano da «formação para a vida», o nosso intelectual está «implementado» e pronto para «implementar» (há algo de genético em tudo isto). Só lhe perguntam pelos «créditos», e se ele os comprova tomam-no por possuidor de «saberes e competências», ou seja, capaz de se envolver em polémicas diante de futuros candidatos paisanos (só para os impressionar, claro; fora disso vigora o respeitinho, e uma série de outros diminutivos reverenciais, em presença dos bonzos).
Outrora dir-se-ia que o ex-paisano estava «licenciado», mas é manifesto que a expressão, além de pouco ambiciosa, parecia sugerir que a simbiose terminava ali e não se alongava para o «resto da vida». A «modernidade» impôs naturalmente a designação de «mestre», muito mais adequada à vertiginosa acumulação de «saberes e competências» que ocorre neste singelo processo.
Está o nosso paisano «implementado», e lá regressará regularmente a alimentar a grande máquina da «implementação». Entretanto enfrentará, como intelectual que se preza, todas as vagas de «reforma» e de «avaliação» que, no decurso dos seus «projectos», os bonzos descobrirem na Wikipedia (ou a jovem «bolseira» lhes soprar na almofada).
Vencidas essas vagas, pode ser que chegue a oportunidade de ascender a bonzo. Se não houver vagas para esses cobiçados poleiros, resta-lhe atropelar os bonzos mais velhos, enviá-los desta para melhor – o que afinal não deixa de ser um «projecto» que revela grandes aptidões para a «implementação» da «mobilidade» alheia.
Era suposto os «bolseiros» investigarem? Boa anedota! É óbvio que ninguém investiga, o que há de novo vai-se sabendo através da Wikipedia – dizem os maldizentes...
Ao terceiro ano da «formação para a vida», o nosso intelectual está «implementado» e pronto para «implementar» (há algo de genético em tudo isto). Só lhe perguntam pelos «créditos», e se ele os comprova tomam-no por possuidor de «saberes e competências», ou seja, capaz de se envolver em polémicas diante de futuros candidatos paisanos (só para os impressionar, claro; fora disso vigora o respeitinho, e uma série de outros diminutivos reverenciais, em presença dos bonzos).
Outrora dir-se-ia que o ex-paisano estava «licenciado», mas é manifesto que a expressão, além de pouco ambiciosa, parecia sugerir que a simbiose terminava ali e não se alongava para o «resto da vida». A «modernidade» impôs naturalmente a designação de «mestre», muito mais adequada à vertiginosa acumulação de «saberes e competências» que ocorre neste singelo processo.
Está o nosso paisano «implementado», e lá regressará regularmente a alimentar a grande máquina da «implementação». Entretanto enfrentará, como intelectual que se preza, todas as vagas de «reforma» e de «avaliação» que, no decurso dos seus «projectos», os bonzos descobrirem na Wikipedia (ou a jovem «bolseira» lhes soprar na almofada).
Vencidas essas vagas, pode ser que chegue a oportunidade de ascender a bonzo. Se não houver vagas para esses cobiçados poleiros, resta-lhe atropelar os bonzos mais velhos, enviá-los desta para melhor – o que afinal não deixa de ser um «projecto» que revela grandes aptidões para a «implementação» da «mobilidade» alheia.
4 comentários:
olá, gostei do espaço. segui a trilha do Paulo - réprobo que comentou no meu blog sobre vc. cá entre nós a academia precisa correr. ou será que vivemos num mundo onde a pesquisa séria não tem mais lugar?
Parabéns!
Jansenista,
Há muitos bolseiros que investigam, que trabalham muito e que publicam trabalhos inéditos, fruto do seu trabalho e criatividade...
Abraço amigo,
Isabel Metello
Claro que há! Mas fazem-no apesar do sistema, não graças a ele...
Alguém me explica como vim aqui parar? Não faz mal, não faz mal.
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