O novo Ashram minimalista

sexta-feira, 16 de maio de 2008

No Ashram vazio

Num comentário a um post infra, Margarida Pereira pergunta por onde andam os «amigos do Ashram», sustentando que terão desaparecido (LER).
Não creio que seja o caso, embora já se saiba que tudo vai mudando em nosso redor à medida que o tempo passa.
Talvez as paredes do Ashram tenham mais ecos do que outrora, é verdade, talvez andem mais nuas e austeras, mas eu diria que é um estilo que não destoa do propósito do fundador, que sempre teve os seus momentos de promeneur solitaire.
Prefiro imaginar que os amigos passam agora mais discretamente, que se atardam menos, cientes de que predomina no Ashram uma vontade de partilha que há muito sobreviveu à capacidade de surpreender – o que equivale a dizer que todos os recantos já são conhecidos, e que aqueles que ao longo do tempo foram acompanhando a iluminação de todos esses recantos regressam apenas para breves confirmações de uma familiaridade com o estilo, com a atmosfera, com o ritmo.
No fundo é a sina que acompanha as velhas amizades: por um lado desaparece o embaraço dos momentos de silêncio, parecendo que triunfou a descontracção e a familiaridade; mas por outro lado é legítimo pensarmos que esse silêncio pode representar o fim do impulso de descoberta que acompanha as novas amizades, o seu esfriamento numa rotina.
Por mim, amizade verdadeira é aquela que envelhece e sobrevive à descoberta e à surpresa: interpreto o silêncio (relativo) dos «amigos do Ashram» como um muito discreto e suave «não mudaste!», «estás na mesma!», uma expressão lisonjeira de cumplicidade entre aqueles que resistem.

3 comentários:

O Exactor disse...

Subscrevo...
A minha cumplicidade permanece imutável... desde a primeira hora!

margarida disse...

Não mereço menção... (ruborizo e engasgo-me.
Referia-me a mim, quando mencionei "a plebe"; isto porque desde há algum tempo parecia tornar-me o único ectoplasma pelo Ashram... (especial saudade do excelso "Je Maintiandrai", não?).
E nem por sombras ("sombras" é um bom vocábulo para estas andanças...)pretendia sustentar que houvessem tomado chá-de-sumiço...
Mas, provocando palavras, fico radiante. Gosto das palavras. Das suas, reverendíssimo. Escreva (sempre) mais.

O Réprobo disse...

Leio o Confrade Jans com o interesse e o apreço de sempre, mas pareceu-me detectar uma menor disponibilidade para a conversa.
E longe de mim tornar-me mais importuno do que já sou.

Pede-se à Margarida a fineza de Se definir com termo mais simpatico. Por Ectoplasma ninguém a reconhece.
Abraço e beijinho

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