Os portugueses (generalização temerária) combatem o tédio com aquilo que Eça designava, com a usual ironia, como «o sentido do grandioso». Como não há incêndios de monta nas igrejas de Lisboa, têm que consolar-se com afirmações azedas e apocalípticas sobre o destino do país e sobre a incompetência dos políticos. Fazem-no como quem arrota por ter comido um pastel de bacalhau a mais; ajeitam-se na poltrona, fazem um leve esgar de alívio e sentem que, por terem falado mal de alguma coisa e terem agoirado a decadência final de tudo o que os rodeia, de certo modo esconjuraram as suas pequenas e molengas misérias burguesas. «São uns patifes», sentenciam, e sentem-se consolados com a solenidade do juízo; a maledicência é uma injecção de adrenalina na sua apatia esclerosada, fá-los sentirem-se grandes, e menos dispépticos, por repetirem para si próprios sermões que ninguém se lembrou de lhes encomendar.
O novo Ashram minimalista
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2 comentários:
Mas ainda vai havendo quem se queira mexer e até quem não veja televisão nem tenha sofás e, talvez por isso, acabe por embarcar em projectos que pode ver em
www.respublic.pt
Acho mesmo que os portugueses têm horror ao tédio. Veja a quantidadae de viagens qe fazem, a loucura dos feriados em que se deslocam centenas de quilómetros para três dias fora de casa. A loucura das pontes e o estado em que fica a ponte até ás tantas da noite, geralment notícia de telejornal.
Devem ter imenso dinheiro para andarem sempre fora de casa. E boas mulheres a dias que lhes tratam das casas. :)
E nunca gostam de parecer inferiores ao vizinho, ao colega e aos amigos que chegam sempre bronzeados e com imensas coisas "giras" para contar.
A cidade fica deserta com um feriado.
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