O novo Ashram minimalista

sexta-feira, 4 de abril de 2008

As virtudes da concorrência e o desconsolo da Filosofia

Ouvi ontem o segundo de dois filósofos cuja obra aprecio. Fui surpreendido, o tom e as referências eram do mais «datado» que imaginar se pode: autores só até aos seventies, e um discurso ao mesmo tempo enfático e pastoso. Às interpelações do público respondia com alusões abertamente divagantes e com algumas insinuações «de autoridade» (vocês não percebem nada disto...). Senti-me, a mais de um título, numa Cuba sem telemóveis e sem micro-ondas, repleta de Cadillacs ferrugentos e fumarentos.
À saída o orador lamenta-se-me do facto de no departamento não entrar um novo docente desde 1990. É isso: aqueles espíritos brilhantes anquilosaram com a falta de competição, tornaram-se uns bonzos, transformados em vida em caricaturas dos velhos escolásticos. O ensino (oficial) da Filosofia está gravemente doente, o que aliás deve dar grande gozo ao anti-humanista Gago, para o qual tudo o que não seja aceleração de partículas e turismo académico deve soar a uma bizarria anacrónica.

Sem comentários:

Arquivo do blogue