Época de casamentos em Lourenço Marques. Desfiles de jipes de muitas cores e feitios, os noivos sempre bizarramente solenes, empertigados, silenciosos, algumas noivas elegantíssimas nos seus longos vestidos imaculados, sob um Sol impiedoso. Passeiam-se nos relvados do hotel em intermináveis sessões fotográficas e depois lá prosseguem na procissão de jipes (no final da cauda algumas carrinhas de caixa aberta levam o remanescente dos convidados, presumo que aqueles que não têm carro próprio). Tudo casamentos católicos, dizem-me, e com baixíssimas taxas de divórcio. A pobreza envergonhada, e interrompida pelo espaço da cerimónia, gera a sua própria virtude – ou talvez se lhe devesse chamar necessidade, não virtude. Em todo o caso, algo de aparentemente mais sério do que as frivolidades paganizadas em que estão a converter-se os casamentos urbanos entre nós.
O novo Ashram minimalista
segunda-feira, 17 de março de 2008
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2 comentários:
Alguma bondade sua, em tudo isto. Se os casamentos aí ainda são para a vida é porque a infidelidade é universal e largamente tolerada, como terá dado conta no meio pequeno que é LM. O casamento light dispensa o "divórcio na hora".
Tem razão: só falei das aparências.
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