O novo Ashram minimalista

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Justiça da treta: dos tempos do calabouço aos tempos da cobardia judicial

Nos tempos da Velha Senhora, a lei permitia enviar para o calabouço, imediatamente, alguém que mostrasse desrespeito pelo Tribunal – por exemplo, prestando testemunho patentemente falso. O calabouço da Boa Hora, diz-se, estava frequentemente lotado por uns quantos ingénuos que entravam a contar patranhas a juízes rodados e valentes.
Agora é o contrário: no julgamento de um dos crimes mais bárbaros e repugnantes alguma vez praticados em Portugal, as testemunhas não se lembram de nada – salvo que o réu não fez mal nenhum à vítima e até tentou ajudá-la.
Isto é gravíssimo, uma contradição e uma mentira descarada em flagrante desrespeito do Tribunal.
Em tempos, toda essa canalha ia passar ao calabouço o tempo necessário para refrescar a memória ou ganhar respeito pelo Tribunal.
Mas mais grave ainda é que, com honrosas excepções, os juízes hoje preferem essas mentiras flagrantes que destroem os processos e ilibam os criminosos – porque é a maneira de se furtarem a ter que aplicar justiça, coisa para a qual deixaram de ter formação e para a qual nunca tiveram a coragem.

1 comentário:

margarida disse...

A desresponsabilização torna-se um valor; a debilidade alastra, com a conivência de todos, para benefício(?)de muitos.
O desgosto pelo actual estado de coisas é enorme. Tudo se arquiva, tudo se olvida, tudo se branqueia.
Embora a geografia seja irrelvante, neste, como noutros casos, a geografia envergonha-me especialmente...

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