Com as notícias do Kosovo, ocorreu-me que a Guerra do Kosovo me passou inteiramente despercebida; aliás, todo o conflito dos Balcãs, e tenho ainda hoje a maior dificuldade em dizer quem é quem, e o que é que se passou.Tentando perceber a clareira na minha percepção dos eventos, fui ver as datas e fez-se-me luz: foi numa época muito especial, muito «descentrada», da minha vida, uma época em que, por uma variedade de razões, andei alheado de noticiários e de preocupações corriqueiras.
Eu sabia que não era a memória, porque me lembro lindamente de coisas antes e depois; apenas sucede que na época houve coisas que obliteraram a minha percepção desses e de outros eventos, mais nada.
Se um dia alguém escrevesse a minha biografia (oxalá não) de certeza que iria empolar a minha contemporaneidade com tais eventos – é um erro comum das biografias.
O problema do Kosovo passa-me totalmente ao lado. Talvez um dia eu veja um filme de Hollywood (na foto) sobre o assunto; talvez então perceba alguma coisa.
1 comentário:
A miríade de nano eventos pessoais tende a pulverizar o grande mosaico das realidades do mundo. Mesmo, ou sobretudo, as mais dramáticas.
Se os nossos eventos forem felizes, então, é imperioso que assim seja, porque a felicidade mais não é que minúsculas gotículas preciosas e infinitamente especiais, a viver com toda a intensidade e atenção exclusiva.
Perceber o resto, o resto do tempo.
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