Uma coisa me distingue do Confrade Je Maintiendrai, que agora encerra portas: a educação dele. Pacientemente foi alinhando os passos do seu pequeno «farewell tour» e com um breve aceno cortês rematou a discreta perambulação. Quando chegar a minha vez julgo que escaparei «à francesa», ou, como os franceses dizem, «à inglesa», e os ingleses não dizem «à portuguesa» porque nós somos muito servis e nunca lhes escapamos. Em suma, vou esquecer-me dos deveres de educação e fujo: digo que saio para comprar tabaco e nem fecho a porta.
Confesso que tive alguma curiosidade por saber quem se abrigava por detrás da máscara jesuítica, mas não é a mim que o Confrade se refere, decerto, quando diz que andaram a maçar pessoas com tais devassas: lancei-lhe algumas indirectas baseadas em oblíquas identificações mas sem perder muito tempo, porque o que contava era a transparência de um estilo, e esse era sólido, frutífero e fiável – um pouco como lermos um livro de um autor de que nada sabemos pessoalmente, mas de que ficamos a saber mais do que os que o conhecem ou conheceram em carne e osso, porque as palavras, sobretudo as meditadas e escritas, são frequentemente mais reveladoras do que as convenções e rituais de que se compõe a conduta diária, até a da intimidade.
Alguns dos queixumes com que parte mereceriam a minha censura, mas talvez não seja educado fazê-lo com alguém que já vai afogueado com o peso das malas. Deixo-lhe apenas a habitual, a de não aceitar que os afazeres sejam incompatíveis com cinco minutos a colar um cromo, a escrevinhar um comentário, a partilhar uma convicção ou um gosto (um blogue não tem que ser um tratado em vinte tomos sobre os achados de Pompeia, é tarefa muito mais mesquinha e prosaica).
Se li bem algumas indicações e a informação do Confrade Combustões, vai ter tempo para transmitir alguns apontamentos (em brevíssimas vinhetas «tiradas do natural», como soía dizer-se) dessas terras de estilitas e baptistas e pescadores de pérolas.
Paciência, vamos ficar a pensar no que podia ter sido. Oferecemos-lhe uma terrina Capodimonte que dá um exuberante centro de mesa e na qual pode servir umas tâmaras. Ficam por cá o prato e os talheres na mesa, a marcar o lugar, e a tertúlia, embaraçada com a ausência e com o sabor a fim de festa, lembrá-lo-á sempre com amizade e respeito, creia. Vale!
Confesso que tive alguma curiosidade por saber quem se abrigava por detrás da máscara jesuítica, mas não é a mim que o Confrade se refere, decerto, quando diz que andaram a maçar pessoas com tais devassas: lancei-lhe algumas indirectas baseadas em oblíquas identificações mas sem perder muito tempo, porque o que contava era a transparência de um estilo, e esse era sólido, frutífero e fiável – um pouco como lermos um livro de um autor de que nada sabemos pessoalmente, mas de que ficamos a saber mais do que os que o conhecem ou conheceram em carne e osso, porque as palavras, sobretudo as meditadas e escritas, são frequentemente mais reveladoras do que as convenções e rituais de que se compõe a conduta diária, até a da intimidade.
Alguns dos queixumes com que parte mereceriam a minha censura, mas talvez não seja educado fazê-lo com alguém que já vai afogueado com o peso das malas. Deixo-lhe apenas a habitual, a de não aceitar que os afazeres sejam incompatíveis com cinco minutos a colar um cromo, a escrevinhar um comentário, a partilhar uma convicção ou um gosto (um blogue não tem que ser um tratado em vinte tomos sobre os achados de Pompeia, é tarefa muito mais mesquinha e prosaica).
Se li bem algumas indicações e a informação do Confrade Combustões, vai ter tempo para transmitir alguns apontamentos (em brevíssimas vinhetas «tiradas do natural», como soía dizer-se) dessas terras de estilitas e baptistas e pescadores de pérolas.
Paciência, vamos ficar a pensar no que podia ter sido. Oferecemos-lhe uma terrina Capodimonte que dá um exuberante centro de mesa e na qual pode servir umas tâmaras. Ficam por cá o prato e os talheres na mesa, a marcar o lugar, e a tertúlia, embaraçada com a ausência e com o sabor a fim de festa, lembrá-lo-á sempre com amizade e respeito, creia. Vale!
6 comentários:
dulcia linquimos arva..., e, no entanto, um devastador 'The End' a sufocar a alma de quem procura a certeza e se depara com a cidadela trancada.
Nem um espaço para lamúrias, encómios, pedidos, protestos...
Recém chegada a este mundo miraculoso, aprendia com ânsia através da excelência de quem se prontificava a, não só divulgar, como ensinar - essa tão nobre e divina arte -.
A mágoa (a palavra não é vã) tolda-me o raciocínio. Teria mil palavras, outros tantos agradecimentos e longas, doídas linhas de súplicas que, sei, valeriam nada.
Decisão ponderada, para nossa pena.
Um pedido, porém, insisto - tolamente - em deixar, através deste outro mundo de maravilhas, gerido com rigor e mistério (e que, pelas almas!, não pode também faltar!): em regressando, em ponderando, em se arrependendo, não hesite em nos fazer felizes.
Poucas coisas existirão mais reconfortantes do que abraçar um grande, venerado e estimado amigo.
Boa(s) viagem(ns) e até logo!
(snif, snif...)
Ao magnífico anfitrião:
essa velada cominação de sumiço, aliada ao sucedido com o sublime Je Maintiendrai, é suficiente para causar devastações intelectuais (e emocionais, admito).
Não é justo que, habituados à beleza, à classe, ao maravilhoso, afinal, fiquemos espoliados de tais mundos tonificantes e benfazejos.
Com ou sem aviso!
Muito obrigado. O Jansenista saberá quanto a sua leitura foi estimulante, como o foi não menos a discussão ou a troca de comentários. Como numa tertúlia. Folgo também que melhor do que eu tenha comentado "na mouche" o que conta nesta coisa dos anonimatos, e que, no caso vertente, me permito retribuir ponto a ponto. Vale.
Habituei-me a estimar o JM, pelo que li dele. Não me apetece nada, que ele feche assim as portas, agora que o comecei a conhecer.
Estou como o senhor deste blogue: cinco minutos dá para escrever um cromo e encantar-nos a vida. Faça um pequeno esforço.
E quanto à desculpa do tabaco, e voltando ao dono deste espaço: o marido duma conhecida minha assim o fez há 20 anos. Ainda não se lhe conhece o rasto.
Mas esse tinha alguma desculpa, o senhor Jansenista não!
Cumprimentos:)
Tinha acabado de descobrir (só agora,mea culpa...) o Je Maintiendrai e estava a encantar-me com o que lia, como não podia deixar de ser. Por isso, é com enorme pena que o vejo partir para um chá no deserto, já que deixa a blogosfera mais deserta e com muito menos chá. Tanto que eu tinha para aprender com ele...
Não faça o mesmo, caro Jansenista, ou este deserto ameaça ficar igual à margem sul do ministro Jamé!
Ana
C'est encore un plaisir qui se retire... Je me plaisais à vous lire, et à écouter ces chansons qui nous parlaient d'un temps plus doux, ces analyses brillantes et élégantes, ces calembours, ces évocations. Il n'y a rien d'irremplaçable, mais parfois certaines choses, comme un moulage à la cire, sont uniques. Vous partez au-delà de la neuvième vague – votre retour ne se fera-t-il pas « jamais plus » ?
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