O novo Ashram minimalista

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Um Post Imodesto: Blogue do Ano, Kindness of Strangers, Emile Ajar & Loeb

Abro a Revista Atlântico e descubro que fui nomeado pela segunda vez consecutiva Blogue do Ano, graças à exclusiva simpatia e generosidade da Consoror Charlotte. Ela é a única que pensa isso, e já o percebeu – mas para mim basta-me, e sobra-me, que ela o pense, e fico-lhe agradecido pela distinção (dispenso-a de manter o galardão para os próximos dez anos).
É um galardão que me sabe particularmente bem, porque é pura «kindness of strangers»: não conheço pessoalmente a Consoror e não me esforço absolutamente nada por agradar seja a quem for, mesmo a ela, quando vou colocando aqui tudo e mais alguma coisa, o que me dá na gana.
A pessoa de carne e osso que move os cordelinhos por detrás deste palco de títeres que é o Ashram já recebeu praticamente todos os galardões que desejava receber, e recebeu-os desde muito novinho (uma vida inteira de pequeninos mas muito acarinhados prémios de mérito). Ver agora este galardão ser atribuído a uma criatura sua, o Jansenista, dá-lhe, por isso, um gozo particular.
Descontada a imodéstia da comparação, lembra-me o caso de Romain Gary, que depois de ter recebido o Prémio Goncourt inventou um pseudónimo, Émile Ajar, que recebeu também ele o Prémio Goncourt – para provar que o segundo prémio não dependia de qualquer reputação pessoal (ou de qualquer estilo identificável).
A Charlotte sabe que eu não poderei retribuir condignamente. Como noutro ponto da Revista diz gostar das edições Loeb, e mais das capas verdes do que das vermelhas, pego numa capa vermelha e esboço um contra-argumento: "Erunt etiam, et hi quidem eruditi Graecis litteris, contemnentes Latinas, qui se dicant in Graecis legendis operam malle consumere" ("E há ainda aqueles que, versados na literatura grega e pouco respeitadores da literatura latina, dirão que preferem gastar o seu tempo a ler grego") – Cicero, De Finibus, I/1 (Loeb, 40).
Obrigado, Consoror! Vou continar a fazer tudo (faça eu o que fizer) para não merecer o prémio, porque, insisto, é por ser desmerecido que ele sabe duplamente bem.

2 comentários:

O natural de Barrô disse...

O prémio é justo.

O Réprobo disse...

Eh lá, Camarada! Que a Charlotte seja Ofuscante Presença e Opinião, muito compreensível. Mas não há que negar aos outros o direito à existência: há aqui mais um que pensa assim.
Forte abraço de parabéns

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