O novo Ashram minimalista

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A Paris de Brasillach

Sou um tipo de manias, e agora na horas vagas tem-me dado para esmiuçar tudo sobre a vida e obra de Robert Brasillach, uma figura que não me é minimamente simpática. Depois de descobrir mais umas curiosidades sobre a figura, lembrei-me de um vídeo evocativo do auge da Paris «collabo» (para o que me havia de dar...). Um destes dias conto algumas coisas bem interessantes sobre o homem e sobre a época.

6 comentários:

Luís Bonifácio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís Bonifácio disse...

Não percebo a idolatria que fazem de Brasillach, se bem o que li dele, fosse fora do campo da literatura (A Guerra civil de Espanha e parceria com Gérard Bardeche - Parceiro até no cadafalso, salvo erro)não me pareceu um escritor por aí além.
E se contarmos com o que escrevia no "Je suis partout" ter sido executado uma vez, foi uma pena relativamente leve.

O Réprobo disse...

Meu Caro Jans, muitas coisas me afastam dele, o fascismo, a homossexualidade, mas os testemunhos insuspeitos sobre a pessoa dão-no como muito simpático e corajoso, contrariamente a um Céline ou um Rebatet.

Ao Luís Bonifácio, esclareceria que Maurice Bardéche, casado com uma irmã dele, não foi morto, nem em cadafalso nem pelo pelotão de fuzilamento que com ele acabou. Esgotou os longos anos que lhe sobreviveu em esforços para preservar a memória dele. A qualidade literária de um escritor deve ser aferida pelas obras... literárias e, nessa medida, sugeriria «Les Sept Couleurs», «Notre Avant-Guerre» e o ensaio sobre Corneille. Penso-o um autor poderoso. E não gosto de ver fuzilar ninguém por opiniões, o que foi o caso, pois nunca teve responsabilidades político-administrativas. Apesar de ter defendido coisas para mim indefensáveis, já se vê.
Abraço

Jansenista disse...

Em termos factuais, é como diz o Confrade Réprobo. Como prosador, Brasillach é medíocre; como crítico de cinema, foi um talentoso pioneiro; como polemista era temível, mais pela agressividade do que pela finura dos argumentos. Quanto a comparações com Céline ou Rebatet, devo dizer que, descontadas diferenças de personalidade, Brasillach ultrapassa tudo em termos de crapulice e mau gosto: pense-se na forma como incessantemente atacou François Mauriac e apelou à perseguição e ao ostracismo deste, não hesitando, por exemplo (só um exemplo) a escarnecer da dificuldade de dicção que resultara para Mauriac de um cancro da laringe. François Mauriac, sempre o Grand Seigneur, foi o mais ardoroso defensor da clemência para Brasillach - e isto basta para marcar os anos-luz de distância que separam, em termos morais, as duas figuras.
Quanto a Bardèche, acabou por estragar tudo, procedendo a uma expurgação dos escritos de Brasillach que adulterou as edições modernas, expurgando-as das passagens mais escandalosas e fazendo-as descer ao nível do "ad usum delphini" (uma traição à memória que é frequentíssima, sobretudo em nome da amizade).

Jansenista disse...

Quanto à coragem de Brasillach, ele que alimentou mais do que ninguém a memória da data de 6 de Fevereiro de 1934 (mencionando-a ainda minutos antes do fusilamento), nesse dia... optou por ir ao teatro...

O Réprobo disse...

Mas, Caro Jans, optou por não fugir quando podia tê-lo feito e, contrariamente a Laval, por exemplo, não teve desfalecimentos nem suicídios falhados à beira do fim.
Além de se ter portado bem na Guerra, como oficial, sem que as simpatias ideológicas o tenham feito, então, trair.
Não penso que possa ser tido por medíocre o Autor das obras que citei. Atendo-me à ficcional, «Les Sept...» não entrará no top ten do Século XX, mas nos trinta ptimeiros creio que tem lugar. E olhe que nem me conto entre os adeptos da celebradíssima "Noite de Toledo" de «Como o Tempo Passa».
Já as memórias de juventude são deliciosas pela frescura e sinceridade das cumplicidades e entusiasmos, dão-nos um pouco a ideia de que muitas adesões foram impensadas, com a capitulação intelectual das levas geracionais.
Mauriac portou-se melhor no abaixo-assinado, mas antes, dirigira à equipa do Je Suis Partout ataques violentíssimos. E ao próprio B., chegando a pôr em dúvida a conduta do Pai dele e a paternidade presumida daquele filho.
Mas claro, um homem é coisa complexa demais para ser vista a preto e branco.
Abraço

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