O novo Ashram minimalista

domingo, 2 de dezembro de 2007

Hei-de lembrar

Hoje, por razões que não devo confessar, senti-me transportado para o Pavilhão dos Cancerosos de Soljenitsin. Perdi a noção do tempo, da realidade, do calor. Tive uns minutos para vir à porta da rua e vi que estava Sol, e talvez pela primeira vez na vida senti algum rancor pela alegria que espelham as coisas ensolaradas. Há solavancos sinistros na vida da gente, há horas e minutos cuja experiência se dispensaria porventura – não fosse depois ficarmos a pensar no que seria a vida sem esses solavancos, ou até constatarmos que são esses solavancos que transformam o rotineiro destilar dos sentidos no caudal que é a própria vida (ou aquela que continuamos a recordar, doridamente, muitos anos depois: já que a vida é, essencialmente, na sua unidade artificial, uma lembrança).

1 comentário:

O Réprobo disse...

Meu Caro Jans,
tenho lá por "casa" um postal que creio tocar-Lhe na família espiritual.
Abraço

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