O novo Ashram minimalista

domingo, 11 de novembro de 2007

O elogio das pessoas doces

Excelente apontamento da Consoror Charlotte no suplemento de O SOL, elogiando a doçura como qualidade pessoal. É uma das chaves de uma personalidade evoluída, sem dúvida: um sinal seguro de imaturidade e de insegurança é a multiplicação de poses «provocadoras», de insinceridades estridentes, de coisas que vão «da boca p'ra fora» só para «épater le bourgeois».
É preciso uma pessoa estar muito bem na sua pele para assumir plenamente a afabilidade, mesmo no que isso implica de renúncia ao «pathos» existencial, ao «cliché» agressivo e arrogante, um misto de afirmação territorial-sexual e de repúdio medroso do fantasma do «mundo cão».
Era suposto as pessoas mais solidamente formadas nas religiões dominantes terem espontaneamente essa conduta doce – que é tomada como paradigma de conduta em todas elas. Por uma razão que eu sempre achei vagamente misteriosa (embora haja inúmeras explicações), as pessoas que mais apregoam as suas convicções religiosas são normalmente as menos doces: talvez sejam as convicções que as tornam imaturas, talvez seja a necessidade de colorirem a existência com aquilo que elas se representam ser um «sentido dramático» (que elas aceitam melhor do que qualquer ausência de sentido).

8 comentários:

C disse...

Caro Jansenista,

Da cultura da música barroca, consegue identificar o autor desta: http://passaleao.blogspot.com/2007/11/o-santo-padre-der-heilige-vater.html ? É que já soube e ando aflito para recordar-la, acho que é um minueto e parece-me de Boccherini, recorda-se?

Saudações,
VRC

C disse...

Caro Jansenista,

Não se incomode, acho que já redescobri. O tipo de música é "Folia", portanto La Folia de Corelli, "A Festa".
Se souber exactamente o do vídeo, agradeceria à mesma.

Saudações,
VRC

Jansenista disse...

Caro Vitório Cardoso: ouvi, não chegava lá. A música é muito bela, e condigna do tema - aprecia-se mesmo sem sabermos ao certo de quem é!

C disse...

Olá,

É verdade, mas posso dizer de fonte segura que "La Follia" ou "A Festa" é um tipo de música, ou por assim dizer é um tema.
Esse mesmo tema foi trabalhado por inúmeros músicos e teve início na época barroca, com Bach, depois Vivaldi, Corelli, Handel, e por aí em diante, com imensas variações de país para país.
Há dias que andava louco em busca do nome da obra, finalmente achei-a.

C disse...

Tenho algumas da versões de "La Follia" no blog.

Saudações e uma boa semana!
VRC

O Réprobo disse...

Meu Caro Jansenista,
há repúdios do mundo-cão que penso serem condição da Dignidade. Não, claro o "medroso", o qual, aliás, penso ter saído com gralha: julgo que o Meu Querido Amigo quereria grafá-lo com o "r" duas vagas atrás...
Ab.

Charlotte disse...

Um passou-bem doce para o Jansenista!

Isabel disse...

Eu acabei de criar um blog mas não o consigo ver na net. sabe-me dizer o q se passa? O nome é "manidosdoces"

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