Adoro ser malicioso, não resisto a maledicência irónica, acho o ridículo alheio (e de vez em quando o próprio) irresistível. Quando vejo alguém, com sorriso matreiro, começar a cortar na casaca, é-me difícil resistir a ajudar à festa – como diria Nicolau Tolentino, enjeito as baldas próprias rindo das alheias. Mas ninguém me peça para emitir juízos morais a sério, que eu não sou vocacionado para isso, e arrependo-me sempre de fazê-lo. A idade tornou-me tão cínico perante as regras da moralidade como tolerante das fraquezas alheias (e próprias). Sou capaz da mais feroz censura das ideias, acho que todas as rixas e desacatos são legítimos ao nível dos argumentos, e é por causa dessa dialéctica que posso embarcar numa censura do carácter, quando há incongruência com as ideias. Quanto ao resto, tirando casos catastróficos extremos, como o da exploração de situações de dependência, não me interessa a vida alheia e não gosto de construir silogismos nem conjecturar hipóteses com base nos pequenos dramas de existências que não conflituam com a minha. Se é para rir, tudo bem, infantilmente, com impiedade mas com uma redentora inocência. Para o resto não há pachorra.
O novo Ashram minimalista
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
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