
Pouco importa que todos os esquerdistas que passaram no poder na América Latina nada tenham feito para melhorar o estado de coisas, e muitos tenham soçobrado até na mais abjecta gulodice cleptocrática. É a sua retórica que conta: apresentam-se como «libertadores» (apontam para uma exoneradora libertação num futuro remoto) e «anti-yankee» (a culpa das injustiças nunca é assumida pelas próprias sociedades latino-americanas, reina o «passa-culpas» mais descarado).
Junte-se a isto uma muito arreigada ingenuidade histórica, que é em larga medida o fruto da distância e da ignorância: há coisas que a cultura dominante passou a considerar condenáveis? Isso não se aplica ao caso particular (particularíssimo, já se sabe) daquele continente: a moral, o direito, a razão – tudo tem que sofrer uma entorse em função da latitude e da longitude. Chavistas, lulistas e quejandos agradecem comovidamente tanta ingenuidade - e agradecem mais ainda que, em países como o Brasil, poucos sejam já os que sabem o que significou a dupla Jânio Quadros / João Goulart em termos de atraso económico e de degradação social do país, isto só para darmos um exemplo.
Enfim, como no dito de Santayana, ignorando a História condenam-se a si próprios a repeti-la.
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