Quando eu era muito jovem vivia na ilusão da minha própria eternidade. Hoje cada check-up é um sobressalto, e mesmo que não me queixe de nada entro no processo com os mais negros pressentimentos hipocondríacos, e fico numa amarga letargia à espera dos resultados. Quando eles chegam avanço sorridente para a etapa seguinte, como se tivesse obtido uma moratória, e só dias depois consigo sair desse alívio mórbido e reentrar numa rotina mais criativa – que, para mim, é essencialmente voltar a viver para fora de mim, na órbita daqueles que amo. Agora compreendo os olhares e os cansaços que me exasperavam nos mais velhos quando eu era novo; começo a sentir essas intermitências sobressaltadas em que pomos em dúvida a fidelidade do nosso próprio corpo; começo a perceber quanta alienação é necessária para continuarmos a cultivar a alegria quando acabam os verdes anos.
O novo Ashram minimalista
sábado, 29 de setembro de 2007
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