Perto das 18 horas, ia eu a atravessar a rua diante da Basílica da Estela, surgem com grande alarido uns batedores da GNR, e depois uma comitiva veloz de uma dúzia de carros. No centro um deles levava uma bandeirinha que não identifiquei. Resmunguei com o aparato e com o facto de terem atrasado por meio minuto o meu percurso. Chego a casa e, pelas notícias, percebo que era o Dalai Lama.
Não nutro, confesso, grande simpatia pelas religiões orientais – talvez para preservar o pouco que me resta de simpatia pela minha própria religião. Mas sinto grande respeito pelo Dalai Lama, um homem notável da História do Século XX transformado, malgré lui, num símbolo da luta contra o imperialismo chinês, e o depositário vivo de uma tradição de atitudes de contemplação, irenismo e autenticidade.
Vi-o à noite a verberar suavemente, com um sorriso, a cobardia do Governo português e a cobardia do ocupante do Palácio de Belém: isto bastaria, mas lembrei-me do seu retrato no Kundun de Martin Scorsese, e senti por isso que aqueles poucos segundos deram um significado invulgar ao meu dia; estive a poucos metros de um dos poucos símbolos vivos do planeta que não se notabilizaram na prática do mal.
Não nutro, confesso, grande simpatia pelas religiões orientais – talvez para preservar o pouco que me resta de simpatia pela minha própria religião. Mas sinto grande respeito pelo Dalai Lama, um homem notável da História do Século XX transformado, malgré lui, num símbolo da luta contra o imperialismo chinês, e o depositário vivo de uma tradição de atitudes de contemplação, irenismo e autenticidade.
Vi-o à noite a verberar suavemente, com um sorriso, a cobardia do Governo português e a cobardia do ocupante do Palácio de Belém: isto bastaria, mas lembrei-me do seu retrato no Kundun de Martin Scorsese, e senti por isso que aqueles poucos segundos deram um significado invulgar ao meu dia; estive a poucos metros de um dos poucos símbolos vivos do planeta que não se notabilizaram na prática do mal.
Sem comentários:
Enviar um comentário