"Estava uma destas deliciosas manhãs de fins de Janeiro, de que Lisboa tem o privilégio, tão morna que, ao desafio com mimosas e olaias, se põem às vezes a florir as árvores serôdias das ruas, tão branca que as pombas brancas que vão de revoada do Alto da Penitenciária para o Carmo e casarão de S. Francisco mal se vêem passar. Tinha nascido o sol e já os raios faiscavam em torreões e zimbórios. Era a hora fluvial da manhã, quando através de ruas e praças tudo corre, tudo gira a caminho do trabalho. Os carros eléctricos parecem tocar uma campainha raivosa e a própria vida possuir ritmo e frescor de país ignorado."

- Aquilino Ribeiro, O Arcanjo Negro (*)

3 comentários:
Eu li o Malhadinhas...
E leu romarigães? e a Humildade Gloriosa? e as arcas Encoiradas?
Mas claro! Confesso que a terra idade em que li obriga-me a fazer novas leituras, mais pausadamente e saboreando as palavras. Talvez depois de uma visita ao Panteão!
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