O novo Ashram minimalista

sábado, 21 de julho de 2007

A proposito de duas observacoes de Combustoes


1. O Confrade Combustões mostra-se ralado com o novo fôlego iberista (LER), e preventivamente acusa até aqueles que sejam capazes de desconsiderar o perigo. Para não variar dá a Monarquia como antídoto – e eu que estava convencido de que foram uns quantos casamentos monárquicos que outrora causaram os maiores embaraços à nossa independência na Península... adiante.
O ponto é que, no meu modesto entender, não existe, neste momento, qualquer perigo iberista, salvo na imaginação portuguesa (imaginação que procura ingloriamente cerrar fileiras com esse perigo).
É que a Espanha centralista e belicosa deixou de existir, e hoje o burguês madrileno está muito mais preocupado com o seu bem-estar material, com o seu apartamento e com o seu carro importado, do que com qualquer desígnio político-militar extra-fronteiras. Os mais assustadiços rezam para que a França não alimente a ETA e que do Norte de África não se erga o espectro de Al-Andaluz. Os outros pensam na sua prosperidade e na dos vizinhos e centram-se num hedonismo rigorosamente apátrida – muito mais do que aquilo que vejo na burguesia lisboeta, mais agitada com os receios hegemonistas, porventura mais mobilizável por «desígnios nacionais», com menos bens materiais a preservar e a perder com sonhos militaristas.
O patriotismo é coisa do passado em Espanha, e mesmo o «solavanco» regionalista já aborrece e começa a soar obsoleto – nunca, por nunca, algum burguês espanhol (e são eles quem decide, lá como cá) moverá uma palha para contribuir para a «hegemonia ibérica». Só se a invasão de Portugal lhes trouxesse, a cada um – mas garantido e «de papel passado» – uma bela moradia em La Moraleja...


2. Quanto ao fim de certos partidos portugueses, permita-me o Confrade Combustões discordar também: é agora que eles começam a viver. Libertos da terrível canga das ideologias, que os manteve descaracterizados por boa parte do século XX e sobretudo desde o 25A, agora regressam à sua genuína índole fulanista e caciquista, a única verdadeiramente compatível com os nossos costumes. Já pensou o Confrade o quão aberrante, contra natura mesmo, foi impingir-se ao povão programas ideológicos e chavões inflamados? Que ferro! Bendita a hora em que se regressa a esta modorra rotativista em que se assume que só mesmo as moscas mudam – mantendo-se uma «união sagrada», ou um «centrão», ou o que quisermos, quanto ao resto...

1 comentário:

JSC disse...

Os regeneradores e os históricos regressam em força...

Parece que o país do Eça voltou para nos atormentar!

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