O novo Ashram minimalista

domingo, 15 de julho de 2007

A Igreja e os Ventos da Historia


Da imprensa de fim-de-semana, destaco duas acusações graves. Uma de Marcelo Rebelo de Sousa ao Reitor da Universidade Católica, acusando-o de acomodatício e servil aos Césares do momento (implicitando que o mal está na Instituição-Mãe).
Sinal dos tempos: a Igreja tem sido sempre predominantemente acomodatícia, ao menos desde os tempos do Imperador Constantino – e daí o brilho fulgurante e a superioridade ética de algumas notáveis excepções (João Paulo II foi-o em relação ao Leste Europeu, por exemplo, recusando-se a transigir). O que mudou foi a nossa sensibilidade secularizada em relação às implicações dessa acomodação, parecendo-nos crescentemente exigível da igreja uma liderança mais espiritualizada e menos mundanal. Talvez a melhor representação do que mudou seja iconográfica: Velásquez e a sua «releitura» por Francis Bacon, um serenamente aceitando e espelhando as certezas de um mundo hierático e sólido, outro envolvendo o ícone de Inocêncio X em angústia, dissolução e estridência.
Por mim, preferia sentimentalmente que tudo tivesse parado no olhar majestoso de Velásquez; infelizmente a minha razão não pode ignorar a pertinência da «releitura» imposta por um mundo muito mais dissonante - porque emancipado.


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