O novo Ashram minimalista

segunda-feira, 16 de julho de 2007

As bacoradas neo-nazis sobre Sousa Mendes


Quem não saiba nada de nada é capaz de julgar que os judeus que fugiam em 1940 não sabiam do que estavam a fugir. Claro que depois de 1941, e em especial em 1943-1944, as coisas pioraram muito, mas é preciso muita imbecilidade autista para ignorar o que se tinha passado antes de 1940 em termos de perseguição nazi aos judeus.
+++
Aristides Sousa Mendes, que eu saiba, não salvou judeus, salvou refugiados que se apresentavam na fronteira franco-espanhola.
Que eu saiba, insisto. Se alguém me provar que ele deferiu exclusivamente judeus – ou, talvez mais simples, que ele indeferiu um qualquer refugiado por não ser judeu, estou pronto a rever a asserção de que ele se limitou a salvar refugiados, sem andar a perguntar a cada um as suas convicções religiosas ou o seu pedigree genético.
+++
Claro que nada disto convém às tiradas anti-semitas dos apologistas da cobardia (episodicamente representadas, aqui no Ashram, pelas bacoradas dos «três porquinhos»).
Tivesse Sousa Mendes ficado no conforto do seu gabinete, vendo gente em pânico a ser entregue à sua sorte – então os panegiristas exultariam, enaltecendo o seu «patriotismo» (?), a sua «sensatez» (?), ou o que for.
Agora o que incomoda os bacorinhos neo-nazis é que Sousa Mendes: 1) não foi cobarde; 2) entre os que salvou estavam judeus – ou seja, frustrou, à modesta dimensão da sua coragem, os grandiosos planos da hecatombe anti-semita. Esta é que é a verdade, ponto final.


7 comentários:

Pedro Botelho disse...

Ah, como é cómodo poder fingir que se batalha sem dar campo aos adversários...

É o que se chama, prezado Jansenautista, o Torneio do Rabito Entre as Pernas. Que tristeza mais vil e apagada! De resto parece que a sua coragem também se exprime na suavidade com que dá lições (à distância) aos «bacorinhos». É assim a compostura dos heróis electrónicos de pocilga...

JSC disse...

O Pedro Botelho esqueceu-se de tomar as pastilhas...

Pedro Botelho disse...

Não, Júlio Silva Cunha, você é que não percebeu. Visite este blogue com mais frequência e ficará a perceber melhor a «cintilação» das mensagens que respondem às alegações do Jansenista...

Ou então pergunte-lhe e talvez ele lhe explique -- e seria óptimo se mostrasse algum exemplo negativo em apoio -- as razões por que apaga com frequência mensagens perfeitamente correctas e informadas que embaraçam os seus pontos de vista e para as quais não tem obviamente resposta.

Se o meu amigo tem oportunidade de ver algumas delas é porque são reenviadas quando a guarnição de Port-Royal está a descansar (pelo menos quatro vezes no caso presente do «salvamento dos judeus» pelo Aristides e pides).

Claro que o dono do blogue tem todo o direito de apagar o que muito bem deseja -- e até de impedir comentários ou reservá-los a um conjunto de interlocutores de sua escolha -- mas quem se dá ao trabalho de colocar comentários, e com maioria de razão quando directamente citado ou desafiado, também tem o direito de lhe pôr a careca à mostra, sobretudo se a cultura do diálogo começa a descambar na suinicultura da aparência de diálogo com muita eructação de postas de pescada ersatz...

São as maravilhas do espaço electrónico que pode comprovar verificando periodicamente as horas dos comentários. Ou então observando -- now you see them, now you don't -- a tal cintilação...

;^)

JSC disse...

Respondo tendo apenas em mente a sua dúvida quanto à sua "dúvida" judeofóbica;

"No âmbito do projecto «Memorial da Vida Aristides Sousa Mendes», que envolve a Câmara Municipal da Guarda e a Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE), o edifício será convertido num local que permitirá «homenagear e estudar o trabalho do cônsul», que durante a II Guerra Mundial, salvou 30 mil pessoas do holocausto nazi.
Segundo Jorge Patrão, presidente da RTSE, o espaço funcionará como «centro de documentação, de filmes e de fotografias», permitindo o estudo da vida do cônsul e o apuramento dos dados relacionados com a identidade das pessoas que ele salvou.
O mesmo projecto contempla a instalação, na cidade da Guarda e na fronteira de Vilar Formoso, de monumentos com os nomes dos refugiados - 12 mil judeus e 18 mil não judeus que foram salvos do holocausto nazi pelo cônsul de Portugal em Bordéus."

12 mil judeus para 18 mil não- judeus!!! O referido projecto pretende dar nome às vítimas e aí o Pedro Botelho terá a sua epifania! Aristides de Sousa Mendes(esse bandido) salvou mais não-judeus que judeus.

O link está aqui:http://holocausto-shoah.blogspot.com/2007/07/guarda-biblioteca-vai-acolher-centro.html

PS:É claro que isto é uma conspiração maçónico-judaica! Não sou advogado d´O Jansenista, embora até nem me importava de o ser!

Jansenista disse...

Obrigado, Sr. Silva Cunha, esse ponto desconhecia-o, o da contabilidade de judeus e não-judeus, e fico, quanto a ele, esclarecido. Quando à questão da «cobança», um dia veremos se os arquivos permitem saber algo mais do que aquilo que sugerem as calúnias e as invejas do «pessoal das Necessidades».
Não preciso também de lhe passar procuração, muito obrigado. Mas agradecia que me desse alguma receita para me ver livre de três bacorinhos imitadores de David Irving, que andam por aí transviados e vieram colar o borco à cancela do Ashram. Já lhes atirei cebolas e batatas, mas tudo lhes resvala no pingue coirato, e não arredam. Ora a minha vida!

Pedro Leite Ribeiro disse...

Revisitaremos então a Guarda.
Obrigado a Júlio Silva Cunha pela informação!

Pedro Botelho disse...

«Mas agradecia que me desse alguma receita para me ver livre de três bacorinhos imitadores de David Irving, que andam por aí transviados e vieram colar o borco à cancela do Ashram.»

Olhe, Jansenista, se a companhia terrestre não lhe agrada, experimente contactar os extra-terrestres como o Homer Simpson.

Divirta-se.

Arquivo do blogue