“Não existe essa coisa chamada natureza humana, no sentido profundo que lhe atribuem Platão e [Leo] Strauss. E também não existe aquela alienação da nossa humanidade essencial através da repressão social, naquele sentido profundo com o qual fomos familiarizados por Rousseau e pelos marxistas. Existe apenas a modelação de um animal num ser humano através de um processo de socialização, seguido (com um pouco de sorte) pela auto-individuação e auto-criação desse ser humano através da sua própria revolta contra aquele mesmo processo (...) Com alguma ajuda, os estudantes começarão a aperceber-se de tudo o que é desprezível, mesquinho e servil em torno deles. Idealmente, os melhores de entre eles conseguirão modificar o senso comum que os rodeia, de forma a que a geração seguinte seja socializada de um modo algo diferente daquele pelo qual eles próprios foram socializados (...) Em todo o caso, a dinâmica electrizante que se gera entre professor e aluno, ligando-os numa relação que tem pouco a ver com socialização e muito com auto-criação, é o meio principal de mudança das instituições de uma sociedade liberal. A menos que tais relações se formem, os estudantes nunca chegarão a perceber aquilo que há de melhor nas instituições democráticas: nomeadamente, o tornarem possível a invenção de novas formas de liberdade humana, nas quais é permitido ousar sempre mais”
Richard Rorty, “Education as Socialization and as Individualization”
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